como separar pessoa física de pessoa jurídica

Na prática: Como separar a Pessoa Física da Pessoa Jurídica?

Se você é pequeno ou médio empresário e sabe na prática como separar a pessoa física da pessoa jurídica, parabéns, pois já se destaca! Estabelecer esta divisão é o primeiro passo para profissionalizar seu negócio e, a partir de então, alçar voos mais altos. Portanto, se ainda não separa a pessoa física da jurídica, acompanhe esse artigo para entender porque isso pode mudar o patamar do seu negócio.

Como separar pessoa física e jurídica?

Suponhamos que você acabou de se lançar no empreendedorismo e ainda não possui experiência ou estatísticas para separar a pessoa física da pessoa jurídica; nesse caso é normal que exista uma simbiose, uma mistura do dinheiro das duas partes, de modo que a renda de uma acabará complementando as despesas da outra pessoa em algum momento.

Entretanto, se esse cenário se mantém por muito tempo pode gerar quadros ilusórios, pois o empreendedor não saberá se sua empresa está tendo lucros, apenas se mantendo ou pior, angariando prejuízos. De fato, vira uma bagunça administrativa e financeira que pode acarretar no fim prematuro de uma empresa.

Portanto, é compreensível que essa não separação das pessoas física e jurídica esteja presente no início do empreendimento, mas é preciso que exista compreensão da importância de separar a pessoa física da pessoa jurídica e, principalmente, haja um planejamento para essa divisão – desde o começo das atividades. Que tal começar definindo um prazo para dar esse novo passo com o seu negócio?

Sua empresa é fundo de quintal?

Você já ouviu o termo ‘empresa fundo de quintal’? Quando citamos esse termo não estamos falando negativamente, afinal de contas, quase todas as grandes empresas atuais já foram uma empresa pequena e sem grande poder de mercado no passado, que se iniciaram no fundo de um quintal, dentro de uma garagem ou no quartinho de visitas.

Mas é preciso que exista anseio em profissionalizar o negócio para que ele deixe de ser ‘fundo de quintal’. E aqui vai uma dica do blog além do CNPJ: Se você está capitaneando uma empresa fundo de quintal sem o objetivo de alcançar a profissionalização da mesma, infelizmente não faz sentido empreender. A melhor alternativa nesse caso é ser empregado e recorrer a CLT – que estabelecerá um cenário mais previsível.

Empreender pode até parecer romântico na teoria, mas se não estiver disposto a proceder com a profissionalização do seu negócio as chances de fracassar são imensas. E uma coisa podemos afirmar: A culpa pelos fracassos das empresas, geralmente, é do próprio empreendedor. Apesar de soar rude, absorva isso como uma provocação e a use como degrau para melhorar.

Saber como separar a pessoa física da pessoa jurídica é uma das ações que fará sua empresa mudar de patamar. Existem empresas, sim, que passam anos e anos sem gerar lucros para a pessoa física. Entretanto, ela precisa gerar receitas para justificar seu funcionamento e realizar, inclusive, investimentos em sua estrutura e seu crescimento. Então, a primeira coisa a se ter em mente é: Primeiro é a PJ que enriquece para somente depois o empreendedor enriquecer, e não o contrário.

Entenda como separar PF e PJ

Como vimos, estabelecer a correta divisão de pessoa física da jurídica é de suma importância para o bom andamento do seu negócio. Essa divisão deve ser realizada de maneira sincera e racional, considerando todos os gastos que tanto a pessoa jurídica quanto a pessoa física podem ter.

– Despesas pessoa física

Primeiramente, com um papel e caneta vamos anotar item a item todos os custos que sua pessoa física tem. Nessa lista entram gastos como aluguel da casa, escola, água, luz, telefone, tv a cabo, internet, mercado, cultura, entretenimento, pedidos de comida por aplicativos, deslocamentos diversos, gastos com pet, enfim, absolutamente tudo que sua pessoa física precisa para se manter.

Entretanto, é preciso considerar alguns fatores na hora de realizar esse raciocínio. Se o empreendedor trabalha no mesmo local em que mora os gastos com o aluguel deverão ser divididos proporcionalmente nas despesas da PF e PJ – isso quer dizer que, se você trabalha 08 horas por dia, a pessoa jurídica assumirá 1/3 do aluguel e a pessoa física, 2/3. Se trabalha 12 horas por dia, 50% do valor do aluguel para cada conta.

E o mesmo deve ocorrer com outras despesas, como transporte, internet, veículos, alimentação, etc. No caso da alimentação, por exemplo, uma boa ideia é estipular um valor diário (vale refeição). Dessa forma, o gasto com alimentação durante o horário de trabalho deve se adaptar ao valor diário estipulado pela PJ – de modo que se exceder, a diferença entrará na conta dos gastos da pessoa física.

Gastos alimentícios desvinculados do trabalho são de responsabilidade da PF, integralmente. No final das contas chegaremos à um valor X que sua pessoa física precisará ganhar mensalmente para sobreviver. Pronto, separe esses dados e pegue outra página.

– Despesas pessoa jurídica

Agora precisa listar os gastos que você terá na pessoa jurídica. Aqui também é preciso considerar todos os custos necessários para manter sua PJ funcionando, incluindo tributos, pagamento de freelances, publicidades, funcionários… enfim, absolutamente todos os gastos que sua empresa terá durante um mês.

Não pode se esquecer de contabilizar os custos que serão divididos pelas duas pessoas, quando for o caso (aluguel, internet, etc) e, principalmente, o seu pro labore, ou seja o salário que sua empresa vai te pagar como funcionário – que será o valor “x” definido anteriormente como gastos da pessoa física.

Nesse ponto pode gerar uma dúvida com relação a aquisição e a responsabilidade dos gastos de veículos (automóveis, motocicletas, etc). Isso depende muito do tipo de negócio e das necessidades finais. É preciso realizar uma separação sincera dos gastos da PF e PJ. Se existir a necessidade de um veículo para trabalhar, lembre-se que nenhuma empresa de pequeno ou médio porte ofereceria um carro de luxo para seus funcionários trabalharem.

Portanto, se o veículo for para fins pessoais, os gastos entram na lista da pessoa física; se for para fins laborais, é classificado como gasto da PJ. Mas antes, analise com carinho se sua empresa já está em um patamar que a permite oferecer um veículo para os funcionários (como você) trabalharem. Se ainda assim sua resposta for positiva, não se esqueça de considerar combustível, reembolsos por km rodados, estacionamentos, pedágios, manutenção, etc.

– Receitas pessoa jurídica

Após listar todos os custos da pessoa jurídica chegou a hora de relacionar as receitas que a empresa arrecada mensalmente. Se suas receitas forem variáveis, estabeleça uma média mensal e a defina como receita do mês, pois essa estatística é de suma importância para saber como separar a pessoa física da pessoa jurídica.

Se trabalha com venda de produtos não se engane ao contabilizar sua receita a partir do valor bruto obtido com as vendas. Nesse caso é preciso listar somente o valor líquido, ou seja, o valor obtido com a venda menos o valor investido naquele produto. Se você vende um produto por R$ 100,00, mas gasta R$ 15,00 para adquiri-lo ou fabricá-lo, o valor a ser contabilizado como receita será R$ 85,00.

Pessoa Física x Pessoa Jurídica

Pagamento de pessoa jurídica para pessoa física

Com todos esses dados em mãos fica mais fácil saber na prática como separar a pessoa física da pessoa jurídica. Tecnicamente, será preciso confrontar todos os dados – que demonstrarão se a empresa está tendo lucros, se pagando ou, infelizmente, deixando prejuízos pelo caminho.

O pagamento da pessoa jurídica para pessoa física deve ocorrer literalmente, saindo da conta bancária da PJ com destino a conta bancária da sua PF. A data e forma de pagamento pode ocorrer da melhor maneira possível, mas o ideal seria receber junto com os funcionários, se houver.

Ainda falando sobre como separar a pessoa física da pessoa jurídica, o cenário ideal seria que a empresa pagasse todos os custos fixos, seu pro labore e ainda tivesse lucro para investir em si mesma. Quando isso ocorre é questão de tempo para uma pequena ou média empresa angariar reconhecimento nacional e status de grande corporação. Entretanto, no mundo real isso nem sempre acontece.

Entenda mais sobre como separar a pessoa física da pessoa jurídica

Obviamente há casos onde a empresa não arrecada receitas suficientes para ter lucros ou ao menos se manter (break even). Se esse for seu cenário será preciso fazer uma análise profunda e minuciosa dos gastos de sua pessoa jurídica. O micro gerenciamento deverá estudar todos os gastos da PJ e eliminar o máximo de custos possíveis.

Se ainda assim as contas fecharem no vermelho é necessário eliminar gastos da pessoa física, obviamente. Despesas com pedidos de comidas, corridas por aplicativos e outros gastos precisarão ser repensados para reduzir o valor pago como salário para você (pro labore), e consequentemente, diminuir os custos da sua pessoa jurídica.

Há casos onde é preciso realizar mudanças estruturais, como reavaliar a necessidade de carros ou se mudar para uma casa menor ou bairro mais popular. Afinal de contas, estamos falando de alguém sem emprego fixo que está se lançando no mercado como empreendedor e que precisará dar o sangue para conseguir alavancar as receitas do seu negócio. Por mais que seja dura, tenha essa conversa sincera consigo mesmo sobre como separar a pessoa física da pessoa jurídica.

Se dessa forma as contas não fecharem no azul, vire essa página e abra uma nova história com foco no aumento de vendas para ampliar as receitas e cobrir os gastos da pessoa jurídica. Mas saber como vender e fazer o seu negócio prosperar ainda mais é assunto para outro capítulo dessa história.

Se você conseguiu compreender como separar a pessoa física da pessoa jurídica, com certeza conseguirá evoluir juntamente com seu negócio. Lembre-se de que, para evoluir basta estudar muito e, com disciplina, executar todos os aprendizados. E se gostou desse conteúdo, deixe seu gostei e compartilha!

 

Se você ficou curioso com algumas palavras, conheça um pouco mais sobre alguns termos citados no texto:

Freelances: Profissional independente, que atua sem vínculos empregatícios.
Valor bruto: Valor total sem descontos de impostos e deduções.
Valor líquido: Valor total após todos os descontos.
Pro labore: remuneração recebida por um sócio ou gestor da empresa.
Break even: Ponto de equilíbrio, empatar, igualar.

 

 

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